sábado, 6 de maio de 2017

6 de maio: Dia Internacional Sem Dieta


É isto mesmo que você leu – existe um dia internacional para celebrar um dia sem dietas! Já disse aqui muitas vezes mas cabe relembrar que fazer dieta dietas pode causar obsessão por comida, exageros e compulsões alimentares, ganho de peso e pode aumentar as chances de um indivíduo geneticamente predisposto de desenvolver um transtorno alimentar.

O Dia Internacional Sem Dieta surgiu em 1992, quando a inglesa Mary Evans decidiu lutar contra a indústria das dietas e alertar sobre a gravidade dos transtornos alimentares.

Objetivos:

ü  Questionar o conceito do “corpo perfeito";
ü  Sensibilizar as discriminações decorrentes do excesso de peso;
ü  Declarar um dia livre de dietas e obsessões com o corpo;
ü  Apresentar fatos sobre a indústria da dieta – destacando a ineficácia das dietas;
ü  Explicitar como as dietas perpetuam a violência contra as mulheres;
ü  Honrar as vítimas de transtornos alimentares.


Lembrando que um dia sem dietas nada tem a ver com apologia à obesidade! O “Fome de quê?” defende a promoção da saúde por meio de uma alimentação saudável, que inclui a ingestão de quantidades e frequências adequadas de TODOS os alimentos, respeitando sinais internos de fome, saciedade, preferências e aversões alimentares, alergias e intolerâncias alimentares de cada um.

quinta-feira, 6 de abril de 2017

“Beber suco não é a maneira natural de consumir fruta”

Eu juro que tenho uma síncope toda vez que ouço um nutricionista falando isso! Não porque eu seja a favor do livre consumo de sucos (como já publiquei aqui), mas simplesmente porque este não é argumento de quem tem ensino superior em nutrição. Seria a mesma coisa que eu dissesse que a maneira mais natural de consumir carnes fosse crua, com pele e pêlos, penas ou escamas! É a mais natural, é a maneira como os predadores consomem suas presas na natureza, mas não é o modo como a maioria de nós, seres humanos, estamos culturalmente habituados a ingerir carnes.

Resultado de imagem para madagascar max eating zebra

Estamos inseridos em um ambiente obesogênico, inundado de alimentos (ou produtos) ultraprocessados ricos em sódio, açúcar, farinha refinada, gorduras trans, conservantes, aromatizantes, estabilizantes 24 horas por dia à nossa disposição, inclusive em locais não destinados ao comércio de gêneros alimentícios (postos de gasolina, por exemplo). “Sucos” com uma vasta lista de ingredientes e com nomes impronunciáveis estão nesta categoria. Certamente não são estes os que nós, nutricionistas, nos referimos ao dizer “suco” e, neste quesito, a mensagem que o novo guia alimentar para a população brasileira deixou foi muito clara: devemos desembrulhar menos e descascar mais.


Evoluímos a ponto de testar e inventar novas técnicas culinárias, formas de cocção, apresentação, combinações entre alimentos, cores, texturas… Consumimos carnes cruas, cozidas, assadas, grelhadas, moídas, picadas, em tiras, em cubos, com ou sem molho. Seguindo este raciocínio, é possível consumir verduras e legumes de diversas formas. E adivinha só: frutas também! Estes são apenas alguns exemplos de técnicas utilizadas nos pratos do restaurante espanhol "El Celler de Can Roca", com fila de espera de mais de 1 ano:

Resultado de imagem para el celler de can roca dishes

Resultado de imagem para el celler de can roca dishes

Resultado de imagem para el celler de can roca dishes

Resultado de imagem para el celler de can roca dishes

Resultado de imagem para el celler de can roca dishes

Resultado de imagem para el celler de can roca dishes

Resultado de imagem para el celler de can roca dishes

Resultado de imagem para el celler de can roca dishes

Resultado de imagem para el celler de can roca dishes net

Traduzindo do “nutricionês” para o português, a questão envolvendo o suco é que, ao ingerir um suco natural de frutas, ingerimos muitas frutas (e às vezes só de 1 tipo de fruta) de uma só vez, muito carboidrato (açúcar da fruta ou de adição) de uma só vez, e retiramos suas fibras, tão importantes para a saciedade, exercício dos músculos envolvidos na mastigação, controle glicêmico, controle do colesterol e regulação do intestino. Por estas razões preconizamos o consumo da fruta in natura.

Referência:

Ministério da Saúde. Guia Alimentar Para a População Brasileira 2014;1-145.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Definindo metas


Feliz ano novo!

Que 2017 seja repleto de saúde, harmonia, prosperidade, conquistas e seja mais leve que 2016…

Fazer planos para o ano que está começando é saudável e nos motiva a executar tarefas rumo às metas desejadas.

Uma das "promessas" mais comuns sem dúvida é emagrecer. Ah... Esse ano vai! E logo começam a reduzir (por conta própria, claro!) a quantidade de alimento do prato, os "beliscos", depois os doces, frituras, gorduras, refrigerantes, arroz, batata, macarrão, aproveita e já risca o glúten, melhor! Então retiram o leite, seguido por todos os alimentos que contêm lactose, carne vermelha, carne de porco, frango, carnes e ovos em geral, frutas "calóricas", alimentos fermentativos, vegetais XPTO, até não sobrar... Nada! Fácil, não?


Até que na primeira "escorregada" nessa dieta autoimposta e super-restritiva, pronto!
"Já que comi (o que na minha cabeça) não era para ter comido, vou enfiar o pé na jaca e ..................... eu recomeço".
( ) amanhã
( ) na próxima segunda
( ) mês que vem
( ) no verão
( ) no ano que vem

Pode parar!

Será que seu plano para atingir sua meta não está um pouco... Equivocado?

Tão importante quanto estabelecer metas é saber COMO as estabelecer. Do contrário, na ânsia de conquistar algo que exija dispêndio de energia e/ou tempo, essas metas começam a ser esquecidas, atropeladas pela correia do dia a dia, da procrastinação e voltam para o fundo da gaveta.

As metas devem ser:

M ensuráveis
E specíficas
T empo
A tingíveis
S ignificativas

1) Mensuráveis
- O quanto você quer/ precisa/ pode emagrecer?
- O que você quer ou precisa melhorar na alimentação?

2) Específicas
- O que é emagrecer? O emagrecimento será em números na balança, redução da % de gordura, aumento da % de massa muscular ou uma combinação de todos ou parte desses fatores?
- Gostaria de aumentar o meu consumo de frutas para X vezes ao dia.
- Minha meta é aumentar o consumo de água para X litros/dia.
- Gostaria de perder o medo de comer. Vou começar listando os alimentos quais me causam mais ou menos ansiedade.
- Defina números, nomes, tipos...

3) Tempo
- Desejo perder X quilos em Y meses.
- Desejo aumentar minha massa muscular em X até o mês Y.
- Gostaria de conseguir incluir verduras e legumes todos os dias até o final deste mês.

4) Atingíveis
- Será que perder os quilos adquiridos em 20 anos em 20 dias é possível ou saudável?
- Reduzir o consumo de doces no momento é muito difícil, posso começar melhorando o consumo de X?
- Não consigo comer XYZ no momento, mas posso me programar para levar marmita X dias na semana.

5) Significativas
- Por que emagrecer é importante para mim? Ficaria feliz em perder menos peso do que eu esperava ou gostaria mas conseguir reduzir o açúcar no sangue e a pressão arterial?
- Preciso melhorar minha relação com a comida pois me causa sofrimento.

Encontramos informações sobre comida, corpo e alimentação em muitos lugares. Muitas vezes são sensacionalistas e isentas de embasamento científico. Procure um nutricionista. Só ele estudou no mínimo 4 anos para melhor orientar.

E lembre-se: melhor do que desejar simplesmente "emagrecer" é desejar cuidar do seu corpo. Em 2017 faça as pazes com você, com a balança, com seu corpo e com a comida!

Todo momento pode ser um novo recomeço.


Referências:

1 – Pearson ES. Goal setting as a health behavior change strategy in overweight and obese adults: A systematic literature review examining intervention components. Patient education and counseling. 2012; 87(1):32-42.

2 – Doran GT. There's a S.M.A.R.T way to write management's goals and objectives. Manage Rev. 1981;70:35–6.

3 – Fairburn CG et al. Cognitive-behavioral therapy for binge eating and bulimia nervosa: a comprehensive treatment manual. In: Fairburn CG, Wilson GT. Binge eating: nature, assesment and treatment. New York: Guildford Press, 1993. p.371-404.