quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
Mito ou verdade? Suplementos de colágeno firmam a pele?
O conceito de beleza é um tópico constantemente discutido aqui no Fome de quê?. Os tempos mudam (o padrão de beleza também), mas mesmo com tantas correntes que favorecem a diversidade, a beleza natural e individual, desafio da foto sem maquiagem e sem filtro, da saúde em todos os tamanhos (health at every size), tenho a impressão de que a perseguição pela beleza e pela juventude muitas vezes extrapola os limites do possível e do saudável.
Não é à toa que, mesmo nos
momentos de crise, cirurgiões plásticos, endocrinologistas, dermatologistas, nutricionistas,
esteticistas, academias e cabeleireiros são procurados à espera de um milagre. E
de mágico o mundo está cheio! Saem prescrevendo um monte de coisas – e enchendo
o bolso de dinheiro.
Uma dos itens mais prescritos
(e pedidos pelos próprios pacientes) é o colágeno.
O
que é colágeno?
É uma proteína responsável
pela firmeza e elasticidade da pele e compõe a estrutura do cabelo, unhas e
tendões.
Pra
que servem as proteínas?
Para construção e manutenção
de tecidos (músculos, órgãos, ossos, pele, tendões, unhas, cabelo...),
hormônios e enzimas do nosso organismo.
Em
quais alimentos encontramos as proteínas?
Encontramos proteínas em
muitos alimentos, mas principalmente nas carnes (bovina, suína, aves, peixes),
ovos, leites, queijos, leguminosas (feijões, soja, lentilha, ervilha,
grão-de-bico), oleaginosas (pistache, nozes, amendoim, castanha de caju, do
Pará) e sementes (de abóbora, girassol, linhaça).
Como
as proteínas são digeridas e absorvidas?
Lembra do post sobre os casamentos perfeitos? Lá
procurei esclarecer um pouco sobre as proteínas e aminoácidos para explicar
porque o arroz e feijão, essência da alimentação do brasileiro, pode ser
considerada uma das combinações nutricionais mais valiosas. Fiz um paralelo
entre proteínas, aminoácidos, paredes e tijolos, de modo que a proteína fosse
uma parede e os tijolos que formavam essa parede fossem os aminoácidos. Ao todo
existem 20 tipos de tijolos, ou seja, 20 aminoácidos. Dependendo de quais,
quantos e sequência de tijolos (aminoácidos) são utilizados, temos como
resultado paredes (proteínas) diferentes.
Quando ingerimos os
alimentos ricos em proteínas (ou suplementos/cápsulas de colágeno), as enzimas do nosso estômago e intestino as quebram em aminoácidos. Como nosso intestino não consegue absorver
a proteína inteira (grande), só os aminoácidos conseguem atravessar nosso
intestino para serem absorvidos.
Como
nosso corpo reutiliza os aminoácidos?
Depois da absorção no
intestino, nosso corpo utiliza esses aminoácidos para fazer proteínas conforme
a demanda do corpo de cada um – uma parte pode ir para a cicatrização de uma ferida,
a outra parte para a manutenção dos músculos, a outra para o sistema
imunológico, a outra para fazer parte da pele... Mas como o colágeno é uma
proteína e, como qualquer outra proteína é quebrada em aminoácidos para ser
absorvido e o resultado é atender demandas específicas e variadas do corpo, não
faz sentido algum consumir colágeno na esperança dele virar necessária e
exclusivamente colágeno na sua bela cútis!
Gosto muito de pegar livros
que tenho e estudar alguma coisa aleatoriamente. Por acaso, um dia desses li
uma passagem fantástica:
“Dizer
que é necessário ingerir colágeno para ter colágeno no corpo é tão absurdo quanto dizer
que precisamos ingerir fígado para termos fígado, ou cérebro para termos
cérebro.” (Slywitch, 2010, p. 83)
Genial!
Ora, Dr. Eric Slywitch, isto
é absurdo para profissionais que utilizam a ciência para nortear condutas. Não
para os obcecados pela beleza e juventude eternas, não para a indústria
farmacêutica e tampouco para os profissionais que lucram com a ingenuidade
alheia. Digo ingenuidade porque ninguém é obrigado a saber. Mas se procuram
orientação do nutricionista, este deveria utilizar dos seus conhecimentos para
ajudar o cliente/paciente, não para enganá-lo.
Não sou contra a
suplementação. Existem pessoas que podem se beneficiar de complementos conforme
suas necessidades individuais, reais, específicas e quando a alimentação é/está
quali e/ou quantitativamente comprometida. Mas comer é um ato biológico,
fisiológico, cultural, prazeroso e deve ser prioridade.
Ética, bom senso e
conhecimento – sempre!
Referência:
Slywitch E. Alimentação sem carne: guia prático: o primeiro livro brasileiro que ensina como montar sua dieta vegetariana. 2ªed. São Paulo: Alaúde Editorial; 2010.
Fonte da juventude - Family Guy (Uma Família da Pesada) |
Slywitch E. Alimentação sem carne: guia prático: o primeiro livro brasileiro que ensina como montar sua dieta vegetariana. 2ªed. São Paulo: Alaúde Editorial; 2010.
terça-feira, 28 de outubro de 2014
Comidinhas de Halloween
Quais as comidas favoritas
dos zumbis?
R: Pé de moleque, dedo de moça
e batata da perna!
Ahhhh... Tum Dum Psssss!
Ano passado dei algumas
sugestões simples de decoração, lembrancinhas e docinhos para o dia das bruxas,
lembra?
Se você ficou com sede só de
relembrar, ou se você tem filhos, sobrinhos, netos, vizinhos pequenos que ainda não estão preparados
para comer esta variedade de doces, este ano trouxe ideias de comidinhas
salgadas e de preparações com frutas que certamente farão sucesso na festinha
de Halloween!
Comidinhas salgadas
Sanduíche de pão preto com pasta de ricota, cenoura, pepino e frios com decoração em biscuit e palitinhos |
Sanduíche simples de presunto e queijo com azeitonas |
Torradinhas com cream cheese |
Mini pizza de pão |
Pimentão amarelo pequeno (com cara de abóbora!) recheado com carne moída |
Curativos de bolachinhassalgadas com queijo e molho de tomate |
Vassouras comestíveis de salgadinhos em palitinhos (ou grissini) e queijo |
Com frutas
Picolés de frutas cor de laranja decorados com aranhas de plástico |
Frankenstein de kiwi, fantasma de marshmallow e abóboras de melão cantaloupe no palito |
Frutas no palito decorados com morcegos de plástico |
Fantasmas de banana e abóboras de mexerica |
Fantasmas de pêras flambadas... Bu! |
e de morango com chocolate |
Creme de abacate e biscoito de chocolate sem recheio triturado |
Salada de frutas variadas cor de laranja no potinho decorado... |
... ou decorada nas tacinhas com chantilly ou sorvete de creme |
Para as bebidas
Aranhas de plástico ficam sinistras dentro dos cubos de gelo! |
Dá pra colocar minhocas de gelatina nos cubos de gelo |
Ou gelar as bebidas com uma luva descartável nova e limpa! |
Festa com sal, para todos os gostos e
tamanhos!
terça-feira, 21 de outubro de 2014
Receita: Hambúrguer caseiro
Mais
uma receita simples, prática, rápida, com poucos ingredientes, nutritiva e
saborosa no Fome de quê?! É uma ótima
opção para dar uma cara diferente ao bife de sempre do almoço e jantar ou uma
alternativa saudável para aquele hambúrguer industrializado, cheio de sódio,
gordura, aromatizantes, conservantes, estabilizantes do lanche.
Além
de fácil fica tão mais gostoso com carne de verdade que você não vai mais
querer saber de comprar os congelados encaixotados. E aposto que as crianças
vão aprovar!
Ingredientes:
- 500 g de carne moída (utilizei acém, mas pode ser contrafilé)
- 1 cebola média picada ou ralada
- 2 colheres (sopa) de cebolinha picada
- 2 colheres (sopa) de salsinha picada
- 2 colheres (sopa) de molho inglês, vinagre ou suco de limão
- 2 dentes de alho picados
- Pimenta do reino e sal a gosto
- 1 colher (sopa) de óleo para untar a assadeira ou frigideira
Modo de preparo:
- Em um recipiente misture a carne moída, a cebola, cebolinha e salsinha picadas, o molho inglês (ou vinagre ou limão), alho e a pimenta do reino. Só não misture o sal ainda (caso contrário a carne desidrata e o hambúrguer fica duro e pequeno).
- Amasse com as mão até ficar homogêneo.
- Separe a mistura em 8 bolinhas de tamanhos iguais e amasse (achate) com as mãos até ficar com formato de hambúrguer.
- Asse até dourar ou frite com pouco óleo, adicionando o sal, e sirva.
Como
é muito fácil de fazer, vou contar como fritei o meu hambúrguer, para não exagerar na quantidade de óleo e ficar
profissional!
1-
Escolha uma frigideira ou panela GRANDE. Se a panela for muito pequena ou se
você colocar muitos hambúrgueres juntos, a carne vai juntar água e vai cozinhar
e não selar e deixa-los tostadinhos.
2-
Prefira uma frigideira ou panela ANTIADERENTE. Caso contrário você terá que
utilizar muito óleo para que os hambúrgueres não grudem. Se você não tiver,
recomendo assá-los.
3- O
óleo deve estar QUENTE. Para o 1º hambúrguer, coloque pouca quantidade de óleo
na frigideira (1 colher de sopa) ou panela e deixe por 1 minuto em fogo médio-alto. Isso vai
ajudar a selar a carne e mantê-la mais suculenta e tostada. Para os demais não
precisa, o óleo já estará quente e não há necessidade de adicionar óleo a cada hambúrguer, a quantidade inicial é suficiente.
4- A
hora certa de adicionar o SAL. Assim que o hambúrguer começar a se desgrudar do
fundo da frigideira (aproximadamente 3 a 5 minutos) vire e aí sim adicione o
sal. Aguarde mais 3 a 5 minutos e voilà!
Está pronto, douradinho e sequinho!
Dificuldade:
Fácil
Rendimento:
8 unidades
Tempo
de preparo: 20 minutos
Com pão de hambúrguer integral, alface, tomate uva, repolho ralado, cenoura ralada, cebola roxa em rodelas, queijo, abacate picado e mostarda. |
Dicas:
- A receita rende 8 discos de hambúrguer. Caso sobre, embale os hambúrgueres ainda crus individualmente em papel filme (aqueles de plástico) e guarde no congelador (sem o papel filme, bifes, hambúrgueres e pedaços de carne se fundem quando congeladas, formando um único bloco). Recomendo colocar uma etiqueta com a data em que foram feitos e consumi-los em até 3 meses.
- Outros temperos que combinam muito bem são: molho de pimenta, mostarda, gengibre, wasabi e ervas frescas.
Um
jeito descontraído de incluir ferro, zinco, vitamina B12 e proteínas na
alimentação.
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
Não somos tabelas nutricionais ambulantes!
Alimentar-se de maneira
saudável é, sem sombra de dúvida, essencial para manter uma boa saúde. No
entanto, muito se fala sobre nutrientes, propriedades funcionais, substâncias
com poder de cura, que matam, e pouco se fala sobre COMIDA de verdade.
Apesar de um tema muito
atual, Hipócrates, 460 a.C. – 370 a.C.,
já fazia esta associação. Quem não conhece a célebre frase "Que seu
remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio"? Deviam chama-lo
não só de “pai da medicina” mas também de “pai do Globo Repórter”...
Os programas “tradicionais”
de culinária foram assolados pelos programas de “nutrição funcional”. Se há
pouco tempo o foco dos programas era a receita, hoje é apenas o pano de fundo
deste grande teatro de nutrientes.
Outro dia, enquanto
preparava um prato, a nutricionista Bela Gil disse que cebola era diurética.
Conversando com colegas nutricionistas, uma delas levantou a questão: alguém
come cebola porque é diurética? Ou simplesmente porque é um tempero saboroso
muito apreciado na culinária brasileira? Ou porque combina com a receita? Ou
porque as pessoas gostam? E vamos combinar: pra obter o efeito diurético, haja
cebola!...
Fora as informações
desencontradas... É complicado dizer que a aveia não contém glúten sendo que as
comercializadas no Brasil têm glúten, e que, por este motivo, a associação dos
celíacos do Brasil (Acelbra) veta o consumo de aveia, dentre outros cereais,
para essas pessoas. Já pensou se algum celíaco achar que agora está liberada
porque viu na TV?
Ou então que é melhor
utilizar a batata baroa (mandioquinha) porque batata inglesa tem uma toxina...
Nunca vi ninguém morrer ou passar mal degustando um escondidinho de batata com
carne moída na TV (nem fora dela)! O louro José está aí até hoje...
Essas informações têm muito
a ver com a nutrição norte-americana, onde é muito presente o “nutricionismo”, ou o “terrorismo
nutricional” (e nem por isso os americanos estão/são mais saudáveis,
lembra?).
Todo alimento, todo
ingrediente precisa estar lá porque tem alguma propriedade nutricional? Mesmo
porque, para obter o resultado esperado, precisamos levar em consideração a
quantidade (tamanho da porção ingerida), a biodisponibilidade dos nutrientes e
a frequência com que comemos os alimentos fonte de X, Y, Z.
O que aconteceu com o
conceito da cozinha maravilhosa da Ofélia? E o que há de errado com as
comidinhas caseiras e deliciosas da Palmirinha? Aliás, não deixe minha avó
saber que sou fã da Palmirinha, ela me mata – concorrência, sabe como é... Nos
programas de culinária vemos um pouco de tudo: carnes, leite, vegetais, frutas,
massas, batata baroa... Mas também a batata inglesa!
Confesso que boa parte das
informações que circulam na mídia eu desconheço. Sou uma má profissional por
não recomendar o consumo de limão porque este alcaliniza o sangue? Por não
saber de cor a composição química por 100 gramas ou por porção do agrião?
Certa vez, perto do Natal,
comentei com alguém que minha fruta preferida é a lichia. Sabendo que eu sou
nutricionista a pergunta veio como um raio “Lichia é boa pra quê?”. Boa pra
mim! Juro que eu não como lichia pela baixa densidade calórica ou pelo teor de
vitamina C e água. Eu como LICHIA. Porque é uma fruta. Comi porque era Natal. E
porque é a minha favorita!
Só não foi pior do que
quando minha tia avó, que há anos chupa laranja todos os dias depois do almoço,
me disse que viu na TV que laranja tem pectina...
Cri cri cri cri cri...
Nitidamente aquela
informação não significava NA-DA pra ela, que continuou chupando a laranja.
Dietética, técnica dietética
e dietoterapia fazem parte da grade curricular de todo curso de nutrição. Com
os estudos e com a prática clínica acabamos por memorizar informações
nutricionais sobre alguns alimentos, as porções por medidas caseiras, a característica
dos grupos alimentares da Pirâmide Alimentar, da roda dos alimentos, alimentos
ricos em fibras, vitaminas, gorduras, pra que servem as fibras, vitaminas,
gorduras, etc. No entanto, “comemos alimentos, não nutrientes!” – foi essa
inclusive uma das primeiras lições aprendidas quando fiz especialização em
transtornos alimentares.
Deixe os nutrientes com o
nutricionista e fique com a comida.
O nutricionista conhece o
suficiente para aplicar o conhecimento necessário para cada caso. Não espere
que saibamos a composição centesimal, peso, calorias, vitaminas A, B, C, D, E,
K, cálcio, ferro, zinco, molibdênio de todos os sei-lá quantos alimentos
naturais e industrializados que existem!
Mas não julgue o
nutricionista por desconhecer a função da pitaia. Não espere de mim o
molibdênio! As tabelas nutricionais, guias, diretrizes, livros, artigos
científicos estão aí para serem consultados. Não somos tabelas nutricionais
ambulantes!
Referências:
Acelbra [Internet]. [acesso
em 2014 Oct 1]. Disponível em: http://www.acelbra.org.br
Machado RMD, Toledo MCF.
Determinação de glicoalcalóides em batatas in natura (Solanum Tuberosum L.)
comercializadas na cidade de Campinas, Estado de São Paulo [Internet]. Ciênc.
Tecnol. Aliment. 2004; 24(1): 47-52. [acesso em 2014 Oct 1]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cta/v24n1/20040.pdf
Dedico este post para as colegas de faculdade Fernanda Agapito e Andrea Toledo. Continuem exercitando a crítica e estimulando discussões e reflexões sobre nossa profissão. É bom saber que não estamos sozinhos nadando contra a corrente.
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
Emagrecer: passaporte para a felicidade?
Não há dúvida de que algumas
pessoas realmente se beneficiam de um emagrecimento saudável, realista,
planejado, compatível com o potencial genético, obtido com mudança de hábitos
alimentares e estilo de vida. Muitas vezes a perda de peso é questão de vida ou
morte.
Mas esta não é a questão a
ser abordada hoje. Me preocupo com a motivação pela qual algumas pessoas buscam
a perda de peso, e é essa a grande questão. Sejamos francos – raramente o real
motivo é a saúde. Sempre existe a estética, seja ela escancarada ou embutida,
escondida no discurso de “alimentação saudável”.
E por que me preocupo com
isso? Por que isso seria ruim? Cada um tem o direito de lidar com suas
insatisfações e procurar mudar, certo?
Em parte.
Como discutido no texto SOSHollywood, ninguém está imune à insatisfação corporal. Algumas pessoas lidam
muito bem com esta questão, outras, nem tanto. Não podemos ignorar a existência
de um problema quando a insatisfação
corporal ocupa posição central na vida, ou quando ela se torna fator impeditivo
para realizar planos, viver a vida!
Existe outro agravante, a
distorção da imagem corporal. Uma coisa é ser consciente do corpo que tem e não
gostar do que vê. Outra é não gostar da imagem criada pela mente, que não
corresponde à realidade.
Ilustração: Carol Bertier/ revista TPM |
Tanto a insatisfação
corporal quanto a distorção da imagem corporal geralmente levam os indivíduos a
buscar uma ação, a de modificar a alimentação e/ou praticar atividade física
para atingir seus objetivos, sejam eles emagrecer ou ganhar massa muscular (os
dois mais comuns). Quando atingem o resultado, percebem que não corresponde às
expectativas iniciais ou não reconhecem o resultado. Continuam frustradas,
insatisfeitas. Muitas acham que a culpa é delas – foi insuficiente – e
geralmente querem mais. O mais que nunca chega...
Você já parou pra pensar que
modificar o corpo pode não ser seu objetivo real?
Muitas vezes a perda de peso
é utilizada como muleta para cobrir uma parte desfalcada da vida. O
emagrecimento (esculpir, moldar o corpo) está muito atrelado ao sucesso, felicidade,
plenitude. A sacanagem é que só quando compram a ideia percebem a armadilha. E
não é por tolice ou ingenuidade. Tudo é muito sedutor!
Produtores, empresários, pessoas
da mídia, etc, precisam vender e ninguém compra algo de que não precisa, não é
mesmo? Eles precisam gerar dúvidas, deficiências. Eles sobrevivem da
insegurança alheia. “Você é magra o suficiente?”, “Tem músculos o suficiente?”,
“Você é bonito(a)?”, “Você tem essa pele, cabelo, dentes perfeitos?”, “Você
consegue atingir o orgasmo com seu(sua) parceiro(a)?”, “Ou será que seu(sua)
parceiro(a) finge?”, “Você se destaca na sua vida profissional?”... A perfeição
tem que estar em tudo, senão não conseguiriam vender uma revista sequer, um
gominho de goji berry, um shake de limão que parece tamarindo e tem gosto de groselha.
Ilustração: Carol Bertier/ revista TPM |
Preocupante também é que
grande parte dos que me procuram no consultório para perda de peso tem o peso
dentro do índice de massa corporal (IMC) adequado! Se eu não prescrevo dietas,
não tem problema, há quem prescreva! E lá se vai mais um cliente (enquanto fica
minha consciência tranquila).
Outro dia, assistindo ao
programa “Esquadrão da Moda”, quase aplaudi de pé – os apresentadores (e consultores
de moda) Stacy e Clinton, tinham a tarefa de ajudar uma moça, que tinha ganhado
peso nos últimos anos, a escolher roupas que lhe favorecesse. Apesar de não
entender nada de moda e achar que cada um veste aquilo que mais lhe agrada, fiquei
interessada pela história da moça, que estava inconsolada pelo ganho recente de
peso e pelo apego pelas roupas que não serviam mais e mesmo assim não queria se
desfazer delas. Ela repetia “estou guardando pra quando eu emagrecer”, “quando
eu emagrecer eu vou usar as roupas X, Y, Z na viagem”, etc. Todos seus
argumentos para vestir roupas e fazer coisas se baseavam na premissa de que ia
emagrecer. Ela estava determinada. Eis que o Clinton respondeu “E se você nunca
emagrecer?”. Ohhhh... Um soco no estômago. “Você vai deixar de gostar de si, de
se cuidar, de viajar, de fazer suas coisas só depois de emagrecer sendo que
você não sabe se vai?”. Outro soco no estômago e lágrimas caíram da
participante que, apesar de ter ganhado peso, ainda tinha nitidamente um peso
adequado. Ah, e em nenhum momento foi citado 1 problema de saúde sequer. O
sofrimento era mais pessoal, do que por uma necessidade externa.
Seja mais crítico com a mídia. Seja menos crítico com você mesmo(a). Exercite seu cérebro. |
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
Receita: Omelete de espinafre e smoothie refrescante
Final de semana chegando,
fome e geladeira vazia. As receitas de hoje levam poucos ingredientes (ou
aqueles “pouquinhos de tudo” que acabam enrolando na geladeira...).
Fiz muito sucesso ao postar
as fotos dessas duas preparações nas redes sociais. Como a minha intenção não é
deixar ninguém babando (aqui é #nãoresisti), aí vão elas! Fico até com vergonha
de chamar isso de “receita” pois ambas são facílimas de preparar, tomam pouco
do seu tempo, mas mesmo assim são nutritivas e visualmente atrativas!
Omelete de espinafre
O ovo é uma boa opção para
substituir o “bife nosso de cada dia”. É mais barato, varia o cardápio e é
fonte de proteínas, ferro, zinco, colina (indispensável para o desenvolvimento
cerebral do feto durante a gestação e na infância), vitaminas A, D, E e
complexo B.
Mas e o colesterol? Ovo pode
ou não pode? Pois bem, a recomendação de colesterol é de até 300 mg/dia. Cada
ovo possui, em média, 200 mg de colesterol (na gema). Portanto ovo pode fazer parte do dia
a dia desde que no contexto de uma alimentação equilibrada e desde que você não
tenha tido alguma doença cardiovascular e/ou tenha o colesterol LDL elevado.
Nestes casos, o limite máximo de consumo é de 2 ovos (ou 2 gemas) ao longo de 1
semana.
Com relação ao espinafre, a
melhor maneira de consumi-lo é aquecido. Apesar de ser rico em cálcio, ferro, e
outros minerais, as folhas de espinafre contém oxalato, que funciona como um
antinutriente, que inibe a absorção principalmente de cálcio. Quando submetido ao
calor, uma parte desse oxalato é destruído e conseguimos absorver melhor os
nutrientes. Além disso, O excesso de
oxalato não pode ser metabolizado pelos humanos e é eliminado na urina e pode
favorecer a formação de pedras nos rins, sobretudo em pessoas que têm propensão
genética. Outros alimentos ricos em oxalato são a acelga, beterraba, tomate,
nozes e cacau.
Com
essa moda detox já vi gente fazer
suco verde com espinafre cru a torto e a direito! Cuidado...
Ingredientes:
- 1 ovos inteiro
- Clara de 2 ovos
- 15 folhas de espinafre inteiras
- 2 fatias de mozzarella light cortadas grosseiramente
- Sal, pimenta do reino, orégano (e outros temperos) a gosto
- 1 colher (chá) de óleo vegetal
Modo
de preparo:
- Lave as folhas de espinafre e reserve.
- Recomendo quebrar 1 ovo de cada vez em um recipiente e passa-lo para outro maior. Assim, caso algum estiver estragado, não há risco de arruinar a preparação toda! Junte o ovo e as claras dos outros 2 ovos, a mozzarela light em pedaços, os temperos e misture vigorosamente com um garfo.
- Em uma frigideira (antiaderente de preferência) e em fogo baixo, aqueça o óleo, espalhe-o pela frigideira e despeje a mistura do omelete.
- Posicione aleatoriamente uma parte das folhas de espinafre em cima do omelete, sem apertar. Quando a parte de baixo começar a dourar, vire o omelete e coloque o restante das folhas de espinafre, que com o calor irão cozinhar (amolecer) levemente.
- Retire do fogo quando o outro lado também estiver dourado e sirva.
Dica:
Dá pra incrementar seu
omelete com salsinha, cebolinha, cebola picada, tomate, queijo branco, atum,
presunto magro, peito de peru, fica a seu critério!
Selo Popeye de qualidade! |
Dificuldade: Fácil
Rendimento: 1 porção
Tempo de preparo: 15
minutos
Smoothie
refrescante
“Smooth” em inglês significa suave, algo de textura leve, macia. Nada
mais é do que uma bebida cremosa, geralmente preparada com frutas batidas com gelo, leite, água de coco, sorvete, iogurte, folhas...
Para esta receita usei:
- 1 pote (350g) de sorbet de limão (sorvete de limão à base de água)
- 1 caixa de morangos (aproximadamente 20 morangos)
- 1 caixa de framboesa (aproximadamente 16 unidades)
- Suco de ½ limão
- 10 folhas de hortelã
Modo
de preparo:
- Higienize os morangos, a framboesa e as folhas de hortelã.
- Bata todos os ingredientes no liquidificador.
Difícil, né?!
Além de prático, rápido e delicioso, é rico em vitamina C, vitamina importante para a manutenção do sistema imunológico e da função e aspecto da pele, fibras solúveis e pigmentos antioxidantes que auxiliam na prevenção de câncer.
Dicas:
- Fica uma delícia também com manga!
- Você pode substituir o sorbet de limão por outro tipo de sorvete, frozen yogurt ou iogurte desnatado gelado/congelado.
Dificuldade: Fácil
Rendimento: 4 porções
Tempo de preparo: 15
minutos
Saúde!
Referências:
Tabela Brasileira de
Composição de Alimentos (TACO). 4ªEd. Campinas. SP; 2011.
Slywitch E. Alimentação sem
carne: guia prático: o primeiro livro brasileiro que ensina como montar sua
dieta vegetariana. 1ª ed. São Paulo: Alaúde Editorial; 2010.
Santos MAT. Efeito do
cozimento sobre alguns fatores antinutricionais em folhas de brócoli, couve-
flor e couve [Internet]. Rev. Ciênc. Agrotec. 2006; 30(2). [acesso em 2014 Sep
4]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cagro/v30n2/v30n2a15.pdf
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