Bom dia pra você também!
Vamos começar com esta pérola. E vamos dividi-la em partes:
Vamos começar com esta pérola. E vamos dividi-la em partes:
I.
“eu me mataria se fosse gorda”.
Tentei
formular diversas ideias para esta parte. Apaguei todas. Não consigo elaborar uma
linha de raciocínio. Só senti um vazio. Pensei em perspectiva de vida, ideais, anseios,
laços afetivos, pessoas, prazeres da vida, músicas, momentos, lugares,
atividades, e em todas as outras coisas que nos faz querer estar vivo!
Pior
é que ela não está sozinha. Segundo um levantamento feito nos Estados Unidos, 54%
das mulheres entre 18 e 25 anos preferiam ser atropeladas por um caminhão a ser
gordas.
Triste.
II.
“gorda como a Marilyn Monroe”.
Um
momentinho... Será que estamos falando da mesma Marilyn?
Marilyn
Monroe media 1,67 m e, durante sua carreira, seu peso oscilou entre 53 e 63 kg,
que resulta num IMC (índice de massa corporal) igual a 19,0 kg/m² e 22,6 kg/m²,
respectivamente. Pois bem... A faixa de IMC considerada “adequada” vai de 18,5
a 24,9 kg/m², o que significa que Marilyn tinha um peso ADEQUADO! Ela nunca foi
gorda! O problema é justamente achar que o normal é excessivo e que o
desnutrido é “normal” (e toda aquela velha discussão sobre beleza).
Em
tempos onde a magreza é supervalorizada (e perseguida!), a anorexia nervosa
tornou-se um transtorno alimentar socialmente aceito. Todo mundo parece querer
ser magro a todo custo, e pagam caro por isso. No entanto, ao contrário da
glamourização difundida pelas redes sociais, a anorexia nervosa é uma doença
psiquiátrica, NÃO um estilo de vida.
Estudos
recentes em psiquiatria apontam que a anorexia nervosa é a doença psiquiátrica
mais letal. A anorexia mata 2 vezes mais do que a esquizofrenia, 3 vezes mais
do que o transtorno afetivo bipolar, 4 vezes mais que a depressão grave e 6
vezes mais do que as outras doenças psiquiátricas. A mortalidade em mulheres
com anorexia é 12 vezes maior do que a observada na população saudável quando
comparamos a mesma faixa etária.
Comer
pouco é visto com bons olhos, é sinônimo de sucesso, de autocontrole. No último
fim de semana tive a oportunidade de assistir ao filme “Fargo”. A personagem de
destaque, Marge (Frances McDormand), uma policial grávida na gélida Minneapolis,
certamente atrairia comentários no mínimo espantosos pelos tamanhos dos pratos
que ela naturalmente degustava. Outro filme que retrata a comida sob uma ótica
até digamos erotizada é o “Azul é a cor mais quente”. Meio a tantos jantares em
família, entre amigos, massas, ostras, doces, vinhos não houve um personagem
sequer que tenha dito “comendo assim vou virar uma bola”, “gordice”, “segunda
eu começo” ou “amanhã vou queimar tudo isso na academia”! Também, quisera, o
filme é francês! E um “segredinho”: fazer jejum ou atividade física com a única
e exclusiva finalidade de tentar se livrar dos “excessos da alimentação” são comportamentos
inadequados denominados purgação. É uma relação disfuncional com a comida que
precisa ser revista...
Também
não se trata de “defender” a obesidade ou “atacar” a magreza. Ao bom entendedor
acredito que isto já esteja claro. Assim como existem pessoas naturalmente
magras (com baixo peso), existem pessoas acima do peso considerado ideal que se preocupam com a alimentação e que são fisicamente ativas. Eu me
preocupo com saúde/doença, não com forma de corpo.
Sabemos
que a obesidade pode levar a inúmeros problemas à saúde e devemos tratar os
casos individualmente, respeitando suas particularidades. Sabe-se também que
uma redução de 5 a 10% do peso e a manutenção deste novo peso já é suficiente
para melhorar a pressão arterial, a glicemia (açúcar no sangue) e reduzir as
chances de infarto. O problema está no pensamento de que o obeso deve, a
qualquer custo, ser “emagrecido” (emagrecido num padrão sociocultural aceitável).
Todo mundo está cansado de saber que a obesidade é doença e traz prejuízos à saúde. O problema é que mantém transtornos alimentares velados e os pensamentos e atitudes disfuncionais sob o
rótulo “saudável”. Sentir culpa não é saudável. Purgar não é saudável.
Não
estamos imunes à insatisfação corporal. O problema é viver (ou deixar de viver)
em função disto.
Referências:
Philippi
ST, Alvarenga M. Transtornos alimentares: uma visão nutricional. 1ª ed. Barueri, SP: Manole; 2004.
Aratangy
EW, Kaio DJI, Fassarela ES. Transtornos psiquiátricos e condutas nutricionais:
Anorexia nervosa. In: Cordás TA, Kachani AT. Nutrição em Psiquiatria. 1ª ed.
Porto Alegre: Artmed; 2010. p. 135-152.
muito bomm!!
ResponderExcluirAdorei!
ResponderExcluirSimplesmente ridículo esse comentário. Marilyn Monroe, mesmo depois de 52 anos de sua morte, continua sendo uma das maiores estrelas de Hollywood.Já Liz Hurley....É aquela atriz sem talento que levou chifre de Hugh Grant.Ela devia se enxergar.
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