Que frutas, verduras e
legumes são ricos em água, fibras, vitaminas, minerais e outras substâncias
benéficas ao organismo, como antioxidantes, por exemplo, todo mundo já sabe! E
se consumidos com a casca melhor ainda, não é mesmo? Sucos verdes então, nem se
fale, estampam capas de revistas, são um sucesso!
Mas e a questão dos
agrotóxicos, como fica?
1
– Alimentos orgânicos
Pois é, de nada adianta se
empanturrar de um suco verde que transborda agrotóxicos! Alimentos orgânicos
estão cada vez mais acessíveis mas mesmo assim não é todo mundo que tem
condições de comprá-los. Se o problema é o acesso a estes produtos, no site do
idec você encontra o mapa das feiras orgânicas de todo o Brasil. Se os
orgânicos não são consumidos e se não são utilizadas técnicas para reduzir a
carga de defensivos agrícolas nos vegetais comuns, isto é um problema.
A doença mais conhecida
relacionada à exposição frequente e excessiva de agrotóxicos é o câncer, mesmo
porque infelizmente ainda existe o abuso de pesticidas que não são autorizados
pela Anvisa.
Outras complicações
decorrentes destas substâncias estão sendo estudadas, sobretudo problemas do
sistema nervoso – em 2010, a Academia Americana de Pediatria fez uma pesquisa
com 1.100 crianças e constatou que as 119 que apresentavam transtorno de
déficit de atenção tinham resíduo de organofosforado (uma molécula usada em
agrotóxicos) na urina acima da média de outras crianças.
2
– Alimentação variada
Mas calma, entre “comer” e
“não comer”, comer é a minha indicação como nutricionista, pois a
quantidade de pesticidas nunca é igual em todos os alimentos, então, em uma
alimentação variada, tendemos a ingerir mais substâncias benéficas do que
tóxicas.
A chave para uma boa
alimentação é a variedade, não é bom apostar todas as nossas fichas em um
determinado alimento, porque se hoje é “um santo remédio”, com o avanço das
pesquisas, amanhã pode não ser, e se a ingestão for moderada não haverá o que
temer.
3
– Ranking da Anvisa
Outro ponto importante é
ficar atento às listas da Anvisa com o ranking
dos alimentos com maior quantidade de agrotóxicos. Se comprar alimentos
orgânicos for inviável, evite o consumo dos alimentos do topo do ranking (figura) e acompanhe a lista
periodicamente. Esta última é de 2011.
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4 –
NÃO lave os alimentos logo que chegar em casa.
Em temperatura ambiente e com a água da lavagem, os
resíduos de agrotóxico da casca penetram no interior do vegetal. Guarde-os na
geladeira por cerca de 2 horas e aí sim proceda a higienização.
5 –
Retire as folhas externas e dobras dos vegetais
Após a higienização, retire as partes mais externas e de
difícil acesso na lavagem (dobras e depressões, onde fica o cabo das frutas, na
junção entre folhas, etc) porque são áreas onde os defensivos agrícolas se
acumulam com maior facilidade.
6 –
Esfregue bem as cascas
Alimentos como cenoura, beterraba, laranja, mamão, etc
devem ter a casca bem escovada, mesmo que não forem consumidas, para evitar o
contato do agrotóxico de fora com a polpa ao cortar.
7
– Evite comprar alimentos com a casca “machucada”
Neste caso, é muito provável
que o pesticida já tenha entrado na polpa do vegetal, e não há o que fazer.
8
– Tomate
A melhor escolha é o tomate
maduro – além de apresentar maior teor de vitaminas, o tomate maduro contém
menos agrotóxico, pois se degradam com o passar do tempo.
Além disso, aquela pele
lisinha, brilhante da casca do tomate é uma cera bactericida e fungicida e
portanto a dica 6, de esfregar bem a casca, se aplica aqui.
9
– Bicarbonato de sódio
Coloque os vegetais inteiros
(sem cortar, descascar) numa solução de 1 colher de sopa de bicarbonato de
sódio para 1 litro de água, deixe por 1 hora e enxague em água corrente.
Este método não elimina os
micro-organismos, apenas reduz a quantidade de agrotóxicos, por isso a
higienização deve ser feita ainda após este processo.
10
– Tintura de iodo a 2%
Coloque os vegetais inteiros
(sem cortar, descascar) numa solução de 5 ml de tintura de iodo a 2% para 1
litro de água, deixe por 1 hora e enxague em água corrente. Este produto
encontra-se em farmácias.
Este método não elimina os
micro-organismos, apenas reduz a quantidade de agrotóxicos, por isso a
higienização deve ser feita ainda após este processo. Não há necessidade de
proceder com este passo caso o bicarbonato de sódio tenha sido utilizado.
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Seu madruga já sabia... |
Higienização
Falo tanto da higienização
dos vegetais e nunca expliquei como proceder.
Este processo é necessário
para todos os vegetais que forem consumidos crus (frutas, verduras,
legumes) e visa eliminar os micro-organismos causadores de doenças
gastrintestinais (bactérias, vírus, fungos e vermes), mas não eliminam o
agrotóxico, apenas pequena parte dele, sendo necessário, portanto, o passo 9 ou
o 10.
Lave os vegetais em água
corrente até sair toda a sujeira aparente (terra, etc). Use uma escovinha ou
esponja, se necessário (cascas sujas). Coloque os vegetais inteiros (sem
cortar, descascar) numa solução de 1 colher de sopa de água clorada (água
sanitária ou hipoclorito de sódio) para 1 litro de água, deixe por 15 minutos e
enxague em água corrente.
Muitas pessoas higienizam os
vegetais com 5 colheres de sopa de vinagre para cada litro de água. Este método
elimina apenas o micro-organismo do cólera, mas não elimina outras bactérias,
vírus, fungos e vermes.