quinta-feira, 24 de julho de 2014

Comidinhas de inverno: vegetais



Vegetais?!




Vegetais, ora!

Se você deixa de comer verduras e legumes só porque esfriou, está acostumado a comer a alface e o tomate de sempre, acha que as hortaliças só servem pra fazer salada, sopa ou serem cozidas no vapor, está na hora de variar o repertório!

Qualquer pessoa que diz que não gosta de comer verduras e fica nessa monotonia precisa ser compreendida, afinal, ninguém aguenta comer a mesma coisa por muito tempo! E nem é saudável. Para ingerir diariamente todos os nutrientes de que o corpo precisa é necessário variar o consumo dos alimentos. A cor pode ser um bom indicativo – quanto mais cores houver no prato, maior a chance de consumir vitaminas e minerais diferentes.

No inverno sentimos mais fome porque precisamos ingerir mais calorias para manter nosso corpo aquecido (já falei sobre isto aqui). Chocolates, queijos e afins tornam-se especialmente mais apetitosos. Em seguida, geralmente vem a célebre frase “tudo que é bom engorda” – devo interpretar que as verduras estão na categoria “alimentos ruins que emagrecem”? Prefiro deixar pra lá e esperar o veredito no final do post.

Uma preparação quentinha, saborosa, bem temperada, colorida pode ser mais atrativa. Fiz uma seleção de 10  pratos principais ou acompanhamentos excelentes para os dias frios. 

Que tal experimentar?

"Ravioli" de abobrinha recheado com ricota, espinafre e molho de tomate com manjericão

Batatas doces assadas, recheadas com couve, alho, cebolinha, ricota, queijo de cabra e pimenta do reino

Espinafre gratinado com cebola, queijos e pimenta do reino

Fritada de vegetais (ovos, espinafre, tomate, queijo e pimenta)

Macarrão tipo farfalle com aspargo, ervilha, espinafre, ricota, parmesão, limão, menta e amêndoas

Batatas assadas e recheadas com brócolis, cheddar e bacon

Macarrão ao molho de berinjela, tomates e cebola

Pão (ou torrada) com brócolis, abacate, broto de alfafa, ovo pochê e pimenta do reino

Cogumelo do tipo "Portobello" recheado com cream cheese, ricota, espinafre e tomate

"Pizza" com massa de couve-flor e recheio de ricota, tomate, cebola roxa, pimentão, azeitonas pretas e salsinha. Lembra muito aquela receita que postei aqui, lembra?

"Fome de quê?" quer saber: Qual a sua receita?

Fonte:

The Hunffington Post. 100 times vegetables were the most delicious thing on the table. [acesso em 2014 Jul 22]. Disponível em: http://www.huffingtonpost.com/2014/06/17/vegetable-recipes_n_5499125.html?ncid=fcbklnkushpmg00000063

The Hunffington Post. 41 sneaky ways to eat more vegetables (with recipes!). [acesso em 2014 Jul 22]. Disponível em: http://www.huffingtonpost.com/2014/06/17/vegetable-recipes-eat-your-veggies_n_5493299.html?ncid=fcbklnkushpmg00000063

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Rede Globo, favor não alimentar o elefante rosa!


Postar fotos de comida virou febre nas redes sociais! Comidinhas de boteco, comida da avó, sucos verdes, doces, cafés... Dá água na boca só de lembrar! Na contramão disto, o programa “bem estar” da rede Globo resolveu lançar a seguinte campanha: pessoas postam fotos de comidas às quais resistiram nas redes sociais com a hashtag eu resisti (#euresisti). 


A explicação é que o “prazer de ter resistido à tentação pode ser maior que o de ter comido.”.
Todo mundo precisa de um motivo, de um incentivo para mudar e fica muito mais fácil se outras pessoas querem o mesmo, certo? Acredito que a proposta do programa pode até soar bem intencionada, mas a minha opinião é de que isto alimenta um elefante rosa.

Elefante rosa?!


Pois é exatamente este o exercício que a equipe do instituto de psiquiatria do hospital Maudsley (Londres) propõe no modelo de tratamento da anorexia nervosa para adultos:
  • Por 1 minuto, pense num elefante rosa.
  • Tente imaginar como ele se parece: rosa claro, rosa chiclete, pink, rosa bebê, off white, rosa shoking, com bolinhas, todo liso, áspero, macio, fofinho...
  • Agora, por 1 minuto, não pense no elefante rosa.

Não é para pensar mais no elefante rosa, hein?

Não vale trapacear e ficar lembrando do elefante rosa...

E agora, já esqueceu do elefante rosa?

Brincadeiras à parte, o que acontece?

Fica muito difícil não pensar no tal elefante rosa!!! Isso ocorre porque nosso cérebro tem que fazer um grande esforço para ignorar pensamentos e sentimentos. E isto acontece com a comida!

Transpondo para a questão da hashtag #euresisti, focar muito o pensamento em “resistir ao bolo de chocolate”, por exemplo, faz com que inconscientemente pensemos mais nele! Além disso, embutir um significado e categorizá-lo (“tentação”) só faz com que o bolo de chocolate pareça ainda mais especial, atraente.

Sabemos que uma alimentação mal planejada e com excesso de alimentos ultraprocessados, fast food e nutrientes como sódio, gordura e açúcar podem levar à obesidade, colesterol elevado, pressão alta, diabetes e aumento das chances de morte por doenças cardíacas. Porém, o reforço negativo (falando em dieta) é igualmente prejudicial – Mesmo existindo n dietas diferentes, a obesidade, por exemplo, não só não reduziu como aumentou no Brasil e mundialmente.

Então o que fazer para mudar?

O melhor caminho é apostar na reeducação alimentar – aprender a comer um pouquinho de tudo, inclusive seus alimentos favoritos.

Aprender a se satisfazer com menores quantidades, comer devagar, saborear o alimento, pensar na quantidade e frequência na qual comemos determinados alimentos. Isto é bem diferente de “restringir”, “resistir”. Aliás, como já citei diversas vezes, restrição pode levar à COMPULSÃO ALIMENTAR.

O pensamento de “tudo” ou “nada” tampouco é sinônimo de alimentação saudável.

Por fim, é necessário entender que todos os alimentos da pirâmide alimentar são importantes para a promoção e manutenção da nossa saúde e é muito melhor do que “demonizar” categorias de alimentos.

Por favor, não alimente o seu elefante rosa!


#nãoresisti...

Referências:

Treasure J et al. MANTRA. Maudsley model of anorexia nervosa treatment for adults. The emotional and social mind. p.97.


Philippi, ST et al. Pirâmide alimentar adaptada: guia para escolha dos alimentos. Rev. Nutr.,  Campinas,  v. 12,  n. 1, abr.  1999.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Dieta&Fitnes - Desconstruindo paradigmas

O post de hoje é de interesse de muitas pessoas mas o fiz pensando nos meus colegas de profissão (nutricionistas) e profissionais da área da saúde e esporte em geral. Gostaria que todos os profissionais refletissem e repensassem sobre seu papel na vida de seus clientes/pacientes, visto o enorme alcance das informações.

Fiquei simplesmente chocada ao selecionar estas figuras! Além de carregar mensagens equivocadas, são destrutivas. Estas imagens foram retiradas de algumas páginas de nutrição e fitness e/ou por alguns profissionais (nutricionistas, personal trainers) nas redes sociais e definitivamente NÃO contribuem para uma alimentação e hábitos saudáveis!

Conceitos errados sobre alimentação e atividade física são tidos como “corretos”, “normais”, “SAUDÁVEIS”! Restrição alimentar, compulsões alimentares em dias programados, encarar a atividade física como algo penoso e obrigatório, monotonia alimentar, alimentos da moda, estereótipos, depreciação do corpo, preconceito, ridicularização de pessoas em detrimento da aparência – são alguns exemplos e NADA disso é saudável!
  • Textos e imagens pejorativas NÃO motivam ninguém. Quem ama cuida, certo? Então como uma pessoa ridicularizada vai querer cuidar de si?

  • Criam uma ilusão acerca do "corpo perfeito". O que é o corpo perfeito? O que é um elefante com corpo perfeito? Brincadeira! Pior do que isso: este elefante estaria representando algo do item anterior, digamos, pejorativo. Logo um indivíduo magro (frango) ou com sobrepeso ou obesidade (elefante) não têm corpos perfeitos, certo? Pra quem? Pra quê? 


  • Reforçam a dicotomização (separação) entre alimentos “saudáveis” e “não saudáveis”, “bons” e “ruins”.

Eu nunca vi uma pessoa na rua com batata frita pendurada no quadril... Onde será que elas moram?
  • Transmitem a ideia de que alimentos se transformam automaticamente em gordura corporal. Se fosse assim, seria fácil acabar com a desnutrição no mundo!


  • Se tudo que comêssemos se transformasse em gordura, tampouco funcionaria comer de maneira saudável (colocarei o conceito já já) e fazer atividade física para a saúde e controle de peso corporal. Sendo assim, seria coerente nem tentar mudar, certo?


  • Extrapolam o conceito de “alimentação saudável” ao associar alguns alimentos/produtos (frutas, legumes, verduras, batata doce, frango, whey protein) a indivíduos magros e/ou musculosos e outros (fast food, doces) a indivíduos obesos.


  • Extrapolam o conceito de saúde ao considerar saudáveis obrigatoriamente apenas os indivíduos magros e/ou musculosos e não saudáveis indivíduos com sobrepeso, obesidade e de peso naturalmente abaixo do "ideal". Aumento de massa muscular adquirido com alimentação equilibrada e atividade física é o ideal, mas nada garante a não utilização de anabolizantes, assim como nada sabemos sobre a genética, metabolismo, hábitos alimentares ou estilo de vida de alguém que está acima do peso.

A obesidade, ao contrário do que apontam os estudos, não é multifatorial, ela é causada pelo "gene da preguiça". Cômico.

  • Associam erroneamente peso e/ou forma do corpo com caráter – Obesos são “sem vergonha”, “preguiçosos”, "fracassados"? Então obesos não podem ter um relacionamento bem-sucedido, não podem ter sucesso financeiro, ter um bom emprego, não podem dançar bem, não podem se vestir bem, não podem ser considerados bonitos – por causa da forma do corpo?

Então quer dizer que uma pessoa que desenvolveu câncer, por exemplo, não tem vergonha na cara? Fiquei confusa...

  • Incitam o sentimento de culpa.


  • Associam o conceito de beleza somente a corpos magros e/ou musculosos.



  • São contraditórias.

Na mesma página que encontrei isso...

Encontrei isso.
  • Ter como único objetivo de vida um “corpo perfeito” – que nunca existirá, porque quando o objetivo é alcançado, ele nunca basta ou não é reconhecido pelo próprio indivíduo. Só para deixar claro, podemos não ser "imunes" à insatisfação corporal. O problema é que ela pode vir acompanhada de distorção da imagem corporal (e gera essa questão do não reconhecimento das mudanças por parte do indivíduo) e também depende da nossa postura em relação esta insatisfação (podemos achá-la "ok", modificar o que desagrada ou não, ou seja, aceitar, e independentemente da escolha seguir a vida, ou podemos viver em função daquilo que incomoda, o que é altamente destrutivo).


  • Encaram transtorno dismórfico corporal de maneira “natural” e/ou cômica.



  • Reforçam a ideia de que atividade física só serve para "queimar calorias", "esculpir" o corpo, "construir músculos" ou emagrecer. Não há problemas em ter um objetivo ao escolher uma atividade física, mas onde ficam o prazer, a saúde e o bem-estar nessa história? Fora que o conceito de "ficar bem" é subjetivo e pode ser uma armadilha (de acordo com a figura anterior, "ficar bem" parece ser inatingível e é justificado na fala "preciso treinar mais").

É só isso?
  • Utilizam somente partes do corpo (glúteos, abdome, bíceps) como motivação – dane-se chegar aos 80 anos com força para subir escadas, carregar sacolas, fazer as atividades diárias com autonomia, ter saúde e pique para brincar com os netos, dançar, sair com os amigos... E ainda ignoram o potencial genético - todo mundo que faz atividade física fica necessariamente "sarado"? 

Eu quero ter a altura da Ana Hickmann, pode ser ou tá difícil?!

  • Incitam o terrorismo nutricional. Ignoram o fato de que o ganho ou perda de peso é reflexo da qualidade da alimentação como um todo (não da ingestão de apenas 1 tipo de alimento), da quantidade ingerida, da frequência e outros fatores já citados (ambientais, culturais, sociais, econômicos, genéticos, metabólicos, endócrinos, psicológicos, fisiológicos).


  • Consideram normal e "importante" planejar um dia da semana para ter compulsões alimentares, o famoso "dia do lixo". A Pirâmide Alimentar, um guia nutricional para uma alimentação saudável (validado e baseado em estudos) mostra que todos os grupos de alimentos podem ser consumidos diariamente nas porções recomendadas, não havendo necessidade de tirar um dia para comer tudo o que você sentiu vontade de comer durante a semana e não comeu!

1 - Ele não está comendo lixo (vejo pizza, panqueca, bolo, mas lixo não)
2 - Essas coisas não eram de "gordo"?
3 - Então quer dizer que essas coisas não vão engordá-lo automaticamente ou grudar no seu quadril, hã?
  • Trazem mensagens equivocadas sobre alimentação saudável.


Então o que é uma alimentação saudável?
A definição de “alimentação saudável” de que mais gosto é esta, da nutricionista norte-americana Ellyn Satter:

“Alimentar-se normalmente (de forma saudável) é ser capaz de comer quando você está com fome e continuar comendo até você ficar satisfeito. É ser capaz de escolher os alimentos de que você gosta e comê-los até aproveitá-los suficientemente – e não simplesmente parar porque você acha que deveria.

Alimentar-se normalmente é ser capaz de usar alguma restrição na seleção de alimentos para consumir os alimentos certos, mas sem ser tão restritivo a ponto de não comer os alimentos prazerosos.

Alimentar-se normalmente é dar permissão a você mesmo para comer às vezes porque você está feliz, triste ou chateado ou apenas porque é tão gostoso. É também deixar alguns biscoitos no prato porque você pode comer mais amanhã ou então comer mais agora porque eles têm um sabor maravilhoso quando estão frescos.

Alimentar-se normalmente é comer em excesso às vezes e depois se sentir estufado e desconfortável. Também é comer menos de vez em quando, desejando ter comido mais. Alimentar-se normalmente é confiar que seu corpo conseguirá corrigir os errinhos da sua alimentação.

Alimentar-se normalmente requer um pouco do seu tempo e atenção, mas também ocupa o lugar de apenas uma área importante dentre tantas da sua vida. Resumindo, o “comer normalmente” é flexível e varia em resposta às nossas emoções, nossa agenda, nossa fome e nossa proximidade com o alimento.”

Bem diferente da foto, né?

Não!
Para finalizar, que tal aproveitar o momento de Copa do mundo e estimular as pessoas a buscar uma atividade física prazerosa? 

A prática de alguma atividade física é muito importante – auxilia na prevenção de doenças cardiovasculares, redução dos níveis de colesterol, normalização da glicemia (açúcar no sangue), prevenção de alguns tipos de câncer, manutenção da massa óssea, manutenção da massa muscular e força, promove o bem-estar, auxilia no combate à depressão, etc. São muitos os benefícios.

Nada contra quem pratica musculação, fisiculturistas, atletas... O problema não é este. Aliás, musculação é uma das opções de atividade física, por que não? Mas não existe só esta opção.

Futebol, basquete, natação, hidroginástica, dança, caminhada, atividades ao ar livre, pular corda, queimada, pilates, patinação, escalada, yoga, bambolê (lembra?), skate, pedalar, ginástica olímpica...

Não desista se você ainda não encontrou uma que é a sua cara. Existe uma infinidade de outras esperando por você ;)