Às vezes lamento não assistir
muito à TV. É difícil assimilar a enxurrada de notícias de todos os veículos de
comunicação, mas posso perder muito do que se fala (e muito do que meus
pacientes trazem) por não estar informada. E este caso não é diferente.
Por coincidência, ontem assisti
ao “Medida Certa” do programa Fantástico. Eu não acompanho o trabalho delas mas
sei quem são Preta Gil e Gaby Amarantos. Aliás as conheço principalmente por
defenderem a beleza independentemente do número na balança. Pois foi exatamente
isso que me chamou a atenção: duas mulheres bem resolvidas, exuberantes e que
sempre pareciam satisfeitas com a imagem corporal aparecerem num programa de
emagrecimento da rede Globo? Qual é!
Meu histórico de
insatisfação com o programa não é de hoje. Em fevereiro de 2009, quando eu
ainda estava na faculdade, escrevi uma carta ao quadro “Menina Fantástica”,
também do Fantástico, por estar em desacordo com a conduta da emissora perante
as participantes. Agora vejo duas mulheres brasileiras, de carne e osso, que ao
contrário do que a mídia exalta, têm mais carne do que osso, participam de um
programa na TV para emagrecer. Ou melhor, para entrar numa tal de medida certa?
E qual é exatamente, dona rede Globo, a medida certa? Existe uma medida certa?
E certa para quê? Ou para quem?
Cena do filme Pink Floyd The Wall |
A Gaby Amarantos foi capa da
revista TPM no ano passado, indo na contramão da intitulada beleza esquálida,
loira, de olhos azuis justamente por não vestir manequim 38 (“E daí?”).
Preta Gil já apareceu nua e
recentemente assinou uma linha plus size da loja de departamento C&A.
Aliás, já comentei aqui que não gosto do nome “plus size”... Enfim.
Decepção à parte, elas têm o
direito de fazer o que quiserem com o corpo, o corpo é delas, elas podem ter a
motivação que for, mas não me venha com o bordão “pra ficar saudável” como
disse a Gaby Amarantos!... Fale que foi por dinheiro, mas não fale que foi pela
saúde!
Desde quando gordura é
sinônimo de doença e magreza sinônimo de saúde? Semana passada uma webcelebridade
de 21 anos, com mais de 6 mil seguidores no Instagram, morreu decorrente de complicações
de uma hepatite por estar fragilizada pela anorexia nervosa. Quanto mais magra
Daiane Dornelles ficava, mais seguidores “conquistava”.
Até quando vamos vender nossos
quilos pra comprar reconhecimento, posses ou sucesso? Se não for pra fazer
sabão, vender gordura não sei pra que serve... A única coisa que poderemos
comprar, deste jeito, é insatisfação.
Concordo!
ResponderExcluirSou a favor de uma vida saudável com uma boa alimentação e uma bem planejada atividade física. Mas sabemos que cada um tem seu biotipo e, posso estar errado, me parece que o dessas duas moças citadas no texto não é de uma pessoa magra.
Temos que aprender a viver com nosso corpo e saber tirar o maior rendimento possível dele, pois afinal é o bem mais precioso que possuímos!
Thiago