Fotos de amigos quando
crianças nos perfis das redes sociais, brincadeiras, nostalgia... Essa
atmosfera do dia das crianças me fez resgatar boas lembranças da minha
infância, e talvez as melhores lembranças que tenho são das minhas festinhas de
aniversário!
Como eu gostava de fazer
aniversário!... A casa era relativamente pequena, mas cheia. Cheia de primos,
vizinhos, amigos, balões, brincadeira, música, bolo, brigadeiro...
Lembro que eu escolhia o
tema e minha mãe sempre cuidava da decoração e dividia as tarefas da cozinha
com a minha avó. Dia de aniversário em casa tinha cheiro de bexiga e açúcar.
Era engraçado. No meio daquela agitação, ajudava enchendo as bexigas, ansiosa
pela chegada dos convidados.
A comida era boa, apesar de
não ligar muito. Eu devia estar “ocupada demais” correndo pela casa com meus
priminhos e amigos. Mas comia, é claro! Mesmo porque nem todo dia era dia de
salgadinho, refrigerante, docinhos e de festa! E com direito a replay quando sobrava...
De repente me entristeci.
Lembrei-me dessa onda de festas que utilizam a desculpa da alimentação saudável
pra planejar festas de aniversário sem salgadinho, sem docinho e sem bolo!
Falei das minhas festas de
aniversário mas não lembro de ter sido convidada a nenhuma festa de petiscos de
nabo (ainda bem!).
Não consigo imaginar uma
festa infantil com palitinhos de cenoura, aipo, pizza de alface e frutas...
Cestinha de frutas, frutas no palito, sorvete de frutas sem sorvete (que na
verdade são frutas na casquinha), salada de frutas, frutas decoradas, frutas assadas,
cozidas... Até parece coisa da Gwyneth.
Antes que me crucifixem,
nada contra o menu em si. Estas
parecem ser boas ideias para incentivar o consumo de frutas, verduras e legumes
no dia a dia. É legal variar a apresentação dos alimentos, sobretudo quando a
criança é resistente em experimentar novos sabores. Mas oferecer só isso? E em
dia de festa? Socorro! Cadê o brigadeiro?
Concordo plenamente que a
alimentação é um importante aspecto para o crescimento, desenvolvimento e
manutenção da saúde da criança.
Acredito também que é
necessário estabelecer regras, para que a criança aprenda a ter autonomia nas
escolhas alimentares a longo prazo e compreenda que isso terá reflexo na sua
saúde e bem-estar. Neste aspecto a responsabilidade compete a muitos: ao
governo, aos profissionais da saúde, aos educadores e aos pais ou responsáveis.
É sabido que as escolhas dos
pais estão diretamente relacionadas a alimentação dos filhos. Existe a
necessidade de haver um controle no sentido de cuidar mais da nossa alimentação
do dia a dia, comer mais verduras, frutas, legumes, cereais integrais, comer
mais “comida” (arroz e feijão), valorizar os alimentos e a culinária regional,
resgatar as refeições em família, comer à mesa, fazer pratos coloridos, tentar
variar nossa alimentação ao máximo, torná-la atrativa e saborosa.
Quando priorizamos algumas
coisas, outras automaticamente ficam em segundo plano. Satisfeito, de barriga
cheia e tendo a opção de comê-lo, provavelmente o salgadinho, a bolacha, o doce
e o lanche que vem com brinquedo não parecerão tão apetitosos como são quando
estão proibidos.
O que não pode existir é um controle
rígido, ditatorial, restritivo, proibitivo.
Guloseimas existirão para o
resto de nossas vidas. Precisamos decidir o quanto e quando comê-las.
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"Uma festa sem bolo é apenas um encontro" (em tradução livre) |
Referências:
Sociedade
Brasileira de Pediatria. Manual de orientação para a alimentação do lactente,
do pré-escolar, do escolar, do adolescente e na escola. Departamento de
Nutrologia [Internet]. 2ª ed. São Paulo: Sep 2008; [acesso em 2013 Oct 15]. 120
p. Disponível em:
http://www.fasi.edu.br/files/biblioteca/nut/Manual_de_orientao_para_alimentaa_lactente.pdf
Ministério
da Saúde. Saúde da criança: Nutrição Infantil: aleitamento materno e
alimentação complementar. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de
Atenção Básica [Internet]. 1ª ed. Distrito Federal: 2009; [acesso em 2013 Oct
15]. 112 p. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao.pdf
Agência USP de notícias
[Internet]. Pais influenciam comportamento alimentar de filhos [acesso em 2013
Oct 15]. Disponível em: http://www.usp.br/agen/?p=146853