quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Festa sem sal, sem bolo e sem festa




Fotos de amigos quando crianças nos perfis das redes sociais, brincadeiras, nostalgia... Essa atmosfera do dia das crianças me fez resgatar boas lembranças da minha infância, e talvez as melhores lembranças que tenho são das minhas festinhas de aniversário!

Como eu gostava de fazer aniversário!... A casa era relativamente pequena, mas cheia. Cheia de primos, vizinhos, amigos, balões, brincadeira, música, bolo, brigadeiro...

Lembro que eu escolhia o tema e minha mãe sempre cuidava da decoração e dividia as tarefas da cozinha com a minha avó. Dia de aniversário em casa tinha cheiro de bexiga e açúcar. Era engraçado. No meio daquela agitação, ajudava enchendo as bexigas, ansiosa pela chegada dos convidados.

A comida era boa, apesar de não ligar muito. Eu devia estar “ocupada demais” correndo pela casa com meus priminhos e amigos. Mas comia, é claro! Mesmo porque nem todo dia era dia de salgadinho, refrigerante, docinhos e de festa! E com direito a replay quando sobrava...

De repente me entristeci. Lembrei-me dessa onda de festas que utilizam a desculpa da alimentação saudável pra planejar festas de aniversário sem salgadinho, sem docinho e sem bolo!

Falei das minhas festas de aniversário mas não lembro de ter sido convidada a nenhuma festa de petiscos de nabo (ainda bem!).


Não consigo imaginar uma festa infantil com palitinhos de cenoura, aipo, pizza de alface e frutas... Cestinha de frutas, frutas no palito, sorvete de frutas sem sorvete (que na verdade são frutas na casquinha), salada de frutas, frutas decoradas, frutas assadas, cozidas... Até parece coisa da Gwyneth.


Antes que me crucifixem, nada contra o menu em si. Estas parecem ser boas ideias para incentivar o consumo de frutas, verduras e legumes no dia a dia. É legal variar a apresentação dos alimentos, sobretudo quando a criança é resistente em experimentar novos sabores. Mas oferecer só isso? E em dia de festa? Socorro! Cadê o brigadeiro?

 
Concordo plenamente que a alimentação é um importante aspecto para o crescimento, desenvolvimento e manutenção da saúde da criança.

Acredito também que é necessário estabelecer regras, para que a criança aprenda a ter autonomia nas escolhas alimentares a longo prazo e compreenda que isso terá reflexo na sua saúde e bem-estar. Neste aspecto a responsabilidade compete a muitos: ao governo, aos profissionais da saúde, aos educadores e aos pais ou responsáveis.

É sabido que as escolhas dos pais estão diretamente relacionadas a alimentação dos filhos. Existe a necessidade de haver um controle no sentido de cuidar mais da nossa alimentação do dia a dia, comer mais verduras, frutas, legumes, cereais integrais, comer mais “comida” (arroz e feijão), valorizar os alimentos e a culinária regional, resgatar as refeições em família, comer à mesa, fazer pratos coloridos, tentar variar nossa alimentação ao máximo, torná-la atrativa e saborosa.

Quando priorizamos algumas coisas, outras automaticamente ficam em segundo plano. Satisfeito, de barriga cheia e tendo a opção de comê-lo, provavelmente o salgadinho, a bolacha, o doce e o lanche que vem com brinquedo não parecerão tão apetitosos como são quando estão proibidos.

O que não pode existir é um controle rígido, ditatorial, restritivo, proibitivo.

 
Guloseimas existirão para o resto de nossas vidas. Precisamos decidir o quanto e quando comê-las.

"Uma festa sem bolo é apenas um encontro" (em tradução livre)

Referências:


Sociedade Brasileira de Pediatria. Manual de orientação para a alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do adolescente e na escola. Departamento de Nutrologia [Internet]. 2ª ed. São Paulo: Sep 2008; [acesso em 2013 Oct 15]. 120 p. Disponível em:

http://www.fasi.edu.br/files/biblioteca/nut/Manual_de_orientao_para_alimentaa_lactente.pdf


Ministério da Saúde. Saúde da criança: Nutrição Infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica [Internet]. 1ª ed. Distrito Federal: 2009; [acesso em 2013 Oct 15]. 112 p. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao.pdf


Agência USP de notícias [Internet]. Pais influenciam comportamento alimentar de filhos [acesso em 2013 Oct 15]. Disponível em: http://www.usp.br/agen/?p=146853


 

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