Gwyneth Paltrow |
Mais um capítulo envolvendo os
carboidratos por aqui...
Há algumas semanas, li uma
matéria que gerou muita polêmica: a atriz norte-americana Gwyneth Paltrow,
conhecida também por seguir dietas restritivas, decidiu cortar os carboidratos
da dieta de seus filhos Apple, 8 anos, e Moses, 7 anos.
Para mim, a notícia gerou
indignação. Não só pelo modo como foi anunciada, mas também pela série de fatos
que não procedem, que não fazem o menor sentido.
O primeiro deles é a postura
radical por si só. Seguir dietas restritivas, sendo certo ou errado, é uma
opção dela, mas extrapolar isso para os filhos, já é demais!
Durante a infância, a
ingestão de carboidratos deve ser de aproximadamente 5g/kg/dia para evitar a
hipoglicemia (queda de açúcar no sangue) e cetose (formação de substâncias
potencialmente tóxicas e prejudiciais ao cérebro que ocorre na ausência de
carboidratos por longos períodos).
Isto significa que, uma
criança de 20 kg, por exemplo, deve consumir cerca de 100 gramas de
carboidratos por dia. Só para vocês terem uma ideia, pensando apenas nos
alimentos fonte de carboidratos, esta criança poderia comer, por exemplo, 1
fatia de pão de forma + 1 banana + 4 colheres de sopa de arroz + 1 laranja + 4
biscoitos doces sem recheio + 1 escumadeira pequena de macarrão + 1 maçã ao
longo do dia e ainda sobrariam alguns gramas de carboidratos para distribuir
entre os outros grupos de alimentos que contém carboidratos mas que não são
considerados fonte, como por exemplo laticínios, feijões, dentre outros.
Muitos jornalistas (e
profissionais da saúde) rebateram a notícia dizendo que seus filhos nem tem
excesso de peso para que a atriz tomasse essa decisão. Como se crianças obesas
fossem “tratadas” com dietas restritivas. Adultos saudáveis não deveriam
retirar nenhum tipo de alimento da dieta. Imagina uma criança em fase de
crescimento e desenvolvimento!
Na matéria, Gwyneth ainda
afirmou que a falta de carboidratos gera “acessos nervosos na família” e que
seus filhos “passam fome”. Dietas restritivas deixam qualquer um mal-humorado e
vou além: aumentam os riscos de desenvolver um transtorno alimentar em
indivíduos geneticamente suscetíveis, podem desencadear compulsões alimentares
e promover ganho de peso.
Ela ainda afirmou que "todo
nutricionista, médico ou pessoa consciente que eu já conheci... Todos parecem
concordar que glúten faz mal”. Que nutricionista consciente é esse que permite
que um paciente passe fome? Desculpa, mas acho melhor você procurar outro
especialista.
Eu também estaria muito chateada... |
A atriz alegou que seu
marido, as crianças e ela mesa são alérgicos a glúten. Glúten é uma proteína
encontrada na semente de alguns cereais como trigo, cevada, triticale, centeio,
aveia e malte (subproduto da cevada). A intolerância ao glúten chama-se doença
celíaca. Neste caso, glúten faz mal mesmo. Essas pessoas têm uma doença e
portanto precisam e devem excluir todos os alimentos que contém glúten da
dieta, mas não todos os alimentos fonte de carboidratos! Arroz, batata, milho,
mandioca, cará, inhame, araruta, sagu e trigo sarraceno devem ser incluídos na
alimentação como fonte de energia.
trigo: proibido na doença celíaca |
cevada: proibido na doença celíaca |
triticale: proibido na doença celíaca |
centeio: proibido na doença celíaca |
aveia: proibido na doença celíaca |
malte: proibido na doença celíaca |
cará: permitido |
inhame: permitido |
araruta: permitido |
trigo sarraceno: permitido |
Gwyneth recentemente rebateu
as críticas com a afirmação “mas eles comem Oreos também, são crianças
normais”. Oreo é um biscoito recheado muito popular nos Estados Unidos.
Qualquer ser pensante consegue desvendar esta “charada”: Oreos contém farinha
de trigo. Logo... OREOS CONTÉM GLÚTEN! E
os filhos dela não eram alérgicos?
Fragmento da embalagem do biscoito recheado Oreo. Informações em destaque (vermelho): "enriched flour"(farinha enriquecida) e "wheat flour" (farinha de trigo) |
Certamente não foram cortados todos os carboidratos da dieta das crianças. Isto está me cheirando
radicalismo mesmo...
Referências:
Heird WC, Cooper A. Infância. In: Shils ME et al. Nutrição moderna na saúde e na doença.
2ª ed. Barueri, SP: Manole; 2009. p.855-877.
Tabela Brasileira de
Composição de Alimentos (TACO) [base de dados na Internet]. Campinas: UNICAMP.
[acesso em 2013 maio 2]. Disponível em: http://www.unicamp.br/nepa/taco/tabela.php?ativo=tabela.
Pinheiro ABV et al. Tabela
para Avaliação de Consumo Alimentar em Medidas Caseiras. 5ª ed. São Paulo:
Atheneu; 2008.
Field AE et al. Relation Between
Dieting and Weight Change Among Preadolescents and Adolescents. Pediatrics; 2003 [acesso em 2013 maio
2]. Disponível em:
http://pediatrics.aappublications.org/content/112/4/900.abstract.
Associação
dos Celíacos do Brasil (ACELBRA) [internet]. [acesso em 2013 maio 2].
Disponível em: http://www.acelbra.org.br/2004/alimentos.php.
Que loucura, Thais! Tô chocada... :O
ResponderExcluirNooossa que absurdo! E o pior é que loucas assim conseguem influenciar seguidores!
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